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Como a geração Z enxerga o mercado de trabalho no pós-Covid?

Por João Pedro Yazaki

Nascidos entre 1996 e 2010, os jovens da geração Z já estão mostrando suas caras no mercado de trabalho. A partir dos milhares de acontecimentos que perduraram no mundo na última década, como crises sanitárias, ambientais e econômicas, os nativos digitais estão loucos para fazer a diferença onde estiverem, através da tecnologia e dos novos modelos de relações interpessoais. O futuro do trabalho depende muito de como essa nova mão de obra irá se comportar nos próximos anos, mas será que as empresas estão prontas para recebê-los?

Ao mesmo tempo que esses jovens estão com fome de trabalho e definitivamente irão renovar os ambientes profissionais, os Z’s estão trazendo consigo demandas significativas de estrutura de trabalho e formas diferentes de interagir socialmente. Agilidade, rapidez e energia são algumas das principais características dessa geração, mas além delas também está a valorização do desenvolvimento pessoal e da interação humana, apesar de se tratar de uma geração extremamente conectada. Uma das principais dúvidas do mercado de trabalho é como essas características irão se traduzir no ambiente profissional, principalmente nessa época de volta ao normal após dois anos de pandemia.

Antes de mais nada, vale a pena ressaltar o quanto a geração Z é um perfeito mix de valores, pensamentos e angústias de gerações passadas, mais especificamente dos Millennials e de seus pais, os X’s – entre alguns Baby Boomers também. Os nativos digitais são um fruto da junção entre uma geração que tentou ao máximo se desvencilhar de virtudes conservadoras, mas “falhou em salvar a humanidade” e outra que ficou marcada por incentivar a contracultura e o movimento hippie, mas que, na fase adulta, determinou regras rígidas de como lidar com cada etapa da vida, principalmente quando se trata do mundo profissional.

Diante disso, surgem os Z’s, que ao contrário do que o senso comum imagina, não é necessariamente aquela juventude que vive sem preocupações, sem medo de falhar e que colocam sempre o prazer em primeiro lugar. Na realidade, essa perspectiva está cada vez mais ficando para trás. Para os Z’s, o planejamento de vida é muito importante, tal como era para seus pais. Pesquisas de poucos anos atrás do Grupo Consumoteca afirmam que a geração Z quer praticar o que lhe foi ensinado durante a infância, ou seja, que tudo o que você planta será colhido no futuro. Sendo assim, é uma geração que busca valorizar os estudos e quer retribuir todo o investimento que lhe foi providenciado ao longo dos anos de formação. A lógica da meritocracia é bem influente nesse caso.

Em contrapartida, os Z’s herdaram um dos maiores legados deixados pelos Millennials: a busca por realização no trabalho. Trabalhar com o que gosta; com o que dá prazer, é um dos grandes objetivos da geração, mas sem abrir mão da estabilidade financeira. Pesquisas do Meio & Mensagem e estudos realizados pela pesquisadora Cintia Gonçalves, indicam que oportunidade de desenvolvimento (34%), dinheiro (28%) e propósito (28%) são os fatores que mais pesam na escolha de uma empresa para trabalhar. Além disso, embora sejam jovens hiper conectados, não significa necessariamente que os Z’s prefiram o home office como principal modelo de trabalho. Inclusive, como forma de comunicação no trabalho, 53% preferem que seja pessoal, contra apenas 8% através das redes sociais.

Portanto, diante de tanto caos instaurado durante a última década, coroada com dois anos intensos de pandemia, distanciamento social e home office, a geração Z chega em um mercado de trabalho necessitando urgentemente de atenção humana. Com tantas incertezas para o futuro, os jovens Z’s estão preocupados com a própria segurança e como eles podem retribuir ao mundo depois de tanta turbulência. Pesquisas da Deloitte também apontam que cuidados com a saúde é o principal benefício que a geração Z espera de uma empresa. Não apenas ter assistência médica, mas também estar em um ambiente de trabalho saudável, com apoio psicológico, bons líderes e figuras que possam servir como mentores de carreira.

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