Por João Pedro Yazaki
O ano de 2021 foi marcado pelo boom dos NFTs, os non-fungible tokens (token não fungível, em português), e das criptomoedas, como é o caso do famoso bitcoin. Ambos os ativos balançaram o mercado de investimentos no ano passado e prometem ainda mais para 2022. Contudo, tanto os tokens não fungíveis como as criptomoedas ainda geram muitas dúvidas entre os brasileiros, desde seus significados literais, suas aplicações práticas, até o quanto eles impactam na economia mundial e no mercado de investimentos.
Sendo assim, o que são os NFTs? Antes de partir para o não fungível, vale a pena explicar um pouco o que são os tokens fungíveis. De acordo com o relatório da NonFungible.com de 2021, são “coisas consumidas pelo uso e podem ser substituídas por coisas do mesmo tipo, da mesma qualidade e da mesma quantidade”. Em outras palavras, dentro de um ecossistema de blockchain, ou seja, dentro de um banco de dados digital, os tokens fungíveis de valor equivalente podem ser trocados entre si.
Agora, os tokens não fungíveis não permitem essa ação de troca, não podem ser substituídos e não são “consumíveis”. Os NFTs são ativos únicos com características próprias, podendo ser representados de diversas formas, como uma obra de arte digital, um terreno/domínio virtual e outros itens do mundo cultural. Músicas, acessórios de jogos de videogame e peças de roupas virtuais são alguns dos itens mais procurados desse universo. Esses produtos digitais são armazenados e circulam em blockchains específicas, e suas formas de uso são extremamente variadas.
Apesar de ser um ativo digital, os NFTs não se equivalem às criptomoedas. Usando o bitcoin como exemplo, a criptomoeda é justamente uma moeda criptografada, que circula apenas no mundo digital, podendo ser usada para realizar pagamentos para determinados tipos de serviços e trocar por dólar, euro ou outra moeda tradicional. Ou seja, as criptomoedas são fungíveis, funcionam como dinheiro. Enquanto isso, os NFTs são únicos, representam uma propriedade, ou parte dela, podendo ser comercializados entre empresas e indivíduos. Inclusive, existem NFTs que só podem ser adquiridas através de criptomoedas.
Com mais de 20 bilhões de dólares movimentados em 2021, de acordo com o relatório da NonFungible.com, os NFTs foram peças centrais de discussões no mercado de investimentos, metaverso, cultura, entretenimento e muito mais, que definitivamente irão se intensificar este ano. Ao contrário do que estamos vendo nas redes sociais, a comercialização bilionária desses ativos não se resume às celebridades comprando artes virtuais por milhões de dólares. Pesquisas do Mercado Bitcoin indicam que mais de 80% das transações de NFTs foram por menos de 10 mil dólares.
No mercado de investimentos, por exemplo, esses tokens foram importantes para a diversificação de carteira de ativos e principalmente na busca por opções mais rentáveis. Segundo dados da Yubb, uma home broker brasileira, os NFTs no Brasil renderam, de janeiro a dezembro de 2021, +482,60%, e o Bitcoin +83,71%. Já a caderneta poupança, grande conhecida dos brasileiros, fechou o ano com o rendimento abaixo dos 3%.
O ano de 2022 seguirá com essa e outras tendências se concretizando pelo Brasil e no resto do mundo. Em um contexto nacional, alguns movimentos terão ainda mais presença. O mercado imobiliário já está se mobilizando para usar de NFTs como forma alternativa de negociação de compras e aluguéis de imóveis; empresas focadas na preservação do meio ambiente estão usando NFTs para ajudar no combate ao desmatamento e na preservação de espécies em extinção; times de futebol, como Atlético Mineiro, Corinthians e São Paulo, estão vendendo criptoativos para torcedores terem benefícios exclusivos.
Portanto, os NFTs vão muito além de ativos financeiros rentáveis. Suas características únicas e as aplicações diversas deixam qualquer mercado atrativo. Por enquanto, está concentrado nos segmentos culturais, mas pelo visto está se expandindo para outros territórios. Mas aí fica o questionamento: será que o movimento dos NFTs será passageiro ou veio para mudar paradigmas completamente?