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Publicidade: a inusitada forma de viver o mundo

por Renato Autilio

Nasci publicitário, mas isso é pouco. Fui — e ainda sou — um sonhador profissional. Minha profissão não é vender produtos; é criar universos. Ao longo da vida, criei mais de mil marcas. E, em cada uma, deixei um pedaço do meu coração — e percebi como o meu coração é grande. Não é só um logo, um nome bonito ou uma embalagem que brilha nas prateleiras — é alma. É sentido. É propósito.

Criei laboratórios como quem constrói naves espaciais para curar a dor humana. Desenhei órteses ortopédicas como se fossem asas para quem já não podia mais caminhar. E sim, também fiz refrigerantes, bolachas e biscoitos — e que orgulho eu tenho deles! Porque eles carregavam histórias de infância, de tardes ensolaradas, de avós e risadas com migalhas no canto da boca.

Biscoitos que abraçam. Aplicativos que ouvem. Dispositivos que cuidam. Tudo que criei foi feito com esse olhar romântico para o mundo: o olhar de quem acredita que toda grande ideia começa como um sussurro no coração.

Vivi — ou vivo — de sonhos. Mas, mais do que isso: vivi todos os sonhos. Lembro de noites em claro desenhando o nome perfeito, como quem escolhe o nome de um filho. Lembro do frio na barriga no primeiro comercial, da lágrima ao ver um produto ganhar as ruas. E lembro da sensação — impossível de traduzir — de ver alguém sorrir por algo que você inventou, ou até ser salvo e viver por ter sido socorrido por algo inovador.

Se eu me arrependo de alguma coisa? Sim. De não ter sonhado ainda mais. Porque, no fim, ser publicitário não foi minha profissão. Foi minha forma de amar o mundo. Eu criei marcas, mas fui moldado por elas. Cada uma me ensinou algo. Cada uma me deu vida. E, se hoje tudo acabasse, eu diria, com um sorriso tranquilo: valeu a pena. Porque não há nada mais bonito do que viver daquilo que se cria com amor.

E foi assim, entre um rascunho e outro, que percebi: ideias movem o mundo — mas também movem a economia. Cada marca que crio não para em mim. Quando dou vida a uma ideia, ela ganha pernas. Corre para as fábricas, para as ruas, para as casas das pessoas. Uma simples embalagem? Por trás, há uma cadeia inteira pulsando: agricultores colhendo, operários produzindo, motoristas entregando, promotores organizando prateleiras, vendedores oferecendo com brilho nos olhos.

Um refrigerante lançado não era apenas um novo sabor — era a construção de galpões, a contratação de técnicos, o treinamento de equipes, o investimento em maquinário, o aquecimento do comércio local. Cada aplicação ortopédica que desenhei significava dignidade e movimento para alguém — mas também representava centenas de profissionais em ação: engenheiros, designers, fisioterapeutas, operários especializados, todos conectados por um propósito comum. Do insight ao impacto, o caminho é longo — e, nele, milhares de pessoas encontravam espaço para crescer. Geramos empregos. Movimentamos cidades. Alimentamos sonhos.

A publicidade, quando feita com verdade, é um fio invisível que costura tudo: conecta o inventor ao trabalhador, o trabalhador ao consumidor, e o consumidor ao sonho original. Hoje, olho para trás e vejo mais do que marcas. Vejo vidas transformadas. Vejo gente que conseguiu estudar, comprar sua casa, criar seus filhos — tudo porque uma ideia, em algum momento, saiu do papel.

Eu não fui apenas o primeiro a sonhar. A beleza está em quem continuou o sonho. Em quem colocou a mão na massa, quem acreditou, quem comprou, quem consumiu, quem viveu a experiência de algo criado com alma. A publicidade, no fim, é sobre isso: provocar emoção, gerar valor e fazer a roda girar — do criador ao consumidor, num ciclo de realizações que alimenta a esperança de uma nação.

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